Gaveta de Recordações

Pego no computador e levo-o para a janela, aí apercebo-me que já é de noite e que a única coisa que ilumina as ruas são os carros que passam e os postes de electricidade, o meu relógio data 23h33. Não me apercebi do tempo passar. 

A noite consegue ser tão calma e vazia, onde apenas os sonhos das crianças pairam e os desesperos dos adultos não se perdem e se tornam cada vez mais intensos, cada minuto é precioso para resolver os problemas e muitos não dormem só de pensar no que poderá acontecer amanhã. 

E, eu aqui sentada a ver a chuva cair. 

Olho para o vidro, vejo duas gotas de água a escorrer parece que estão a fazer uma corrida, para ver qual chega primeiro ao fim da janela, mas qual o sentido desta corrida afinal? São apenas duas gotas que se perderão no fim da janela e que mais tarde serão substituídas, ninguém sentirá a falta delas, nem mesmo as nuvens que as expulsaram. 

De repente, começa a chover intensamente, confesso que um dia chuvoso como este me atrai profundamente para a cama, sendo desloco-me novamente, e em vez de ver a chuva a cair, passo apenas a ouvi-la, mas que som maravilhoso. 

Fecho os olhos e quando dou por mim estou perdida nos meus pensamentos, após uma longa reorganização, vejo que parei numa gaveta de recordações, abro a gaveta e lá encontro uma caixinha, curiosa, abro a caixa e deparo-me com todos os momentos que vivemos até hoje, todos os maus e bons momentos, todos os choros e todas as risadas, todas as patetices e todos os romances, todas as mensagens e todas as declarações, todos os presentes e muito mais, estava tudo guardado com a máxima segurança. Durante a revisão de todos os momentos, encontro uma fotografia de nós dois, pego nela e abraço-a, pois fui assolada por uma enorme saudade que me fazia doer o coração, sem me aperceber as lágrimas começam a escorrer-me pelo rosto, uma atrás da outra, já sem me conseguir controlar, começo a soluçar e o choro torna-se mais intenso. Não entendo porque isto me aconteceu, nem porque estou a chorar ou a soluçar. 

O mundo das recordações começa a desaparecer e eu sinto-me cada vez mais perdida, perdida de amores por ti, porque fui estúpida ao ponto de te deixar partir.

Agora só me resta sofrer por ter tomado mas decisões. 

Amo-te muito meu eterno príncipe